Conectados e Desajustados


Estamos conectados por meio de inúmeras plataformas virtuais que nos possibilita uma experiência social integrada a todos e a tudo o que acontece ao nosso redor. Hoje é possível compartilhar, em tempo real, todos os acontecimentos do nosso dia-a-dia e, estar inseridos nesta realidade é sinônimo de ser moderno e ter status.
Existe uma necessidade frenética, na maioria dos usuários das redes, de expor seus pensamentos e todo tipo de situações cotidianas. Com isso, é facilmente observável o quanto as redes sociais tem se transformado em um imenso depósito para a alma. Prova disso é que basta garimparmos os nossos posts e não será difícil ouvir os ecos de nosso interior bem diante dos olhos de milhões de pessoas.
Neste ponto nos deparamos com um paradoxo, pois, se por um lado estamos conectados por outro estamos desajustados. Isto por que mesmo com a grande exposição de nossos sentimentos, momentos e necessidades, perdemos o contato pessoal. Por este motivo, tenho questionado se este é o melhor caminho para construirmos os nossos relacionamentos.
O grande problema dessa situação não são as redes em si, pois é obvio que elas nos oferecem amplas possibilidades, mas está na ausência do contato humano. Fomos criados para sermos seres sociais e, a base para um relacionamento saudável está na percepção do outro, como pessoa, mediante a convivência. Essa construção ocorre dentro de um espaço de tempo e suas principais ferramentas são os nossos sentidos. Isto é, precisamos ver, tocar, cheirar e ouvir para compreender o outro na sua plenitude.
Desde modo, é quase impossível, apesar de todo avanço tecnológico, utilizar todo o nosso aparato de percepção para conhecer o outro por meio do virtual. Não adianta, por mais que conversemos por mensagens de texto, áudio e vídeo, dificilmente a nossa sensibilidade, quanto ao outro, trabalhará em todo o potencial para desvendar o que há por detrás do não obvio. O que eu quero dizer é que não conseguiremos detectar detalhes importantes para a construção do relacionamento.
Não há saída: O virtual não é a vida real. Então, por que insistimos em trazer as nossas relações cada vez mais para o virtual? Por exemplo: mesmo sendo possível um encontro para discutir um assunto de interesse mutuo, insistimos em uma web conferencia. Por que não se encontrar? O que parece é que estamos com medo de nos relacionar.
Como consequência disso é o advento do número de pessoas com sérias dificuldades de se relacionar pessoalmente. E não estou me referindo a características intrínsecas a personalidade como a timidez. Mas, situações equiparadas a fobias sociais.
Desde modo, o nosso desafio está em assumirmos, mesmo no mundo integrado virtualmente, a integração real – humana e por contato. Tenho certeza que, embora as nossas dificuldades, as oportunidades de crescimento pessoal e coletivo serão bem maiores. O medo de viver os relacionamentos só nos prejudica. Encarar o mundo real é uma necessidade para que o nosso mundo interior se transforme e amadureça. Precisamos encarar os nossos medos olho no olho. Necessitamos de ajudar uns aos outros percebendo o que não pode ser traduzido em um post no facebook, no twitter, em um vídeo no youtube ou uma foto no instagram. É preciso admitir que os detalhes importantes são imperceptíveis no mundo virtual e, embora difíceis no real, podem ser acessados por intermédio da nossa capacidade emocional, cognitiva e instrutiva de entender a vida.
Sendo assim, desconecte-se do virtual, conecte-se ao real e desenvolva relacionamentos saudáveis.


Por: Jonathan Manhães

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